segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O POMBO VOOU ALTO RUMO A ETERNIDADE...!

 
 
 
Creio que a melhor amizade se inicia quando temos empatia por aquela pessoa; temos um desejo irresistível de conhecer mais detalhes sobre ela, sobre a sua vida; em consequência dessa afinidade, tão espontaneamente, fazemos-lhe um convite para tomar um café na nossa lanchonete favorita, na esquina de nossa casa. Não nos decepcionamos com a nossa  intuição, maior percepção, pois quando começamos a conversar, nos revelar; pensamos mentalmente... como somos perecidos com ela em nossos erros, equívocos, fragilidades e alguns acertos também. O quê estou tentando explicar em palavras, se resume, a um pensamento que o escritor cristão C. S. Lewis escreveu tão sabiamente:
 

''A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra:'' O quê? Você também? Pensei que eu era o único!''.
 
 
E eu lendo e relendo, por várias vezes, o Livro do profeta Jonas, me sentir assim com a mesma empatia com ele; lendo as suas palavras tão sinceras e verdadeiras escritas e reveladas, sem ele tentar esconder nenhuma das suas fragilidades, nem os seus acertos, desacertos. Ele é tão real, que minha mão poderia tocar na sua mão, e apertá-la  fortemente, dizendo que eu o entendo, pois também, já cometi tantos desacertos na vida. Conversaríamos demoradamente sobre a nossa caminhada de fé.
 
Sendo assim, me sentir compelida a escrever sobre ele...
 
Jonas, filho de Amitai, profeta de Israel, o Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II; nasceu na cidade de Gate-Efer, próximo a Nazaré, na Galiléia. A sua infância, a sua adolescência não foi relatada por ele, mas creio, com certeza, ele estava sendo preparado por Deus para sua missão, o propósito de sua vida. (2 Reis 14:25; Jonas 1:1). E a revelação, esse grande dia chegou:
 
''E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:
 
Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença''. (Jonas 1:1)
 
 
E Jonas não gostou da incumbência, que Deus o legou; talvez, esperasse como os outros profetas, ser enviado para pregar ao seu povo; mas por quê, tinha que ser diferente com ele? Uma tarefa tão árdua e horrível? Como ele poderia pregar para um povo pagão, inimigo de Israel e de Judá; Como? Eles mereciam a condenação, e não a salvação!
 
E ele optou por desobedecer  a Deus, optou por uma rota de fuga, ir para bem longe do SENHOR! (Jonas 1:2)
 
Mas ele, como qualquer um de nós, não ficamos impunes por nossas rebeldias, a punição não tarda; ela chega drasticamente.
 
Os relatos narrados por ele de uma grande tempestade que sobreveio no mar do Mediterrâneo foram terríveis; Deus se revelou poderosamente mandando um grande vento, mar bravio para  açoitar o navio, ele se quebrar e até afundar; assustando os marinheiros que clamavam aos seus deuses mudos, cegos e surdos, que não os ouviam, não os enxergavam, nem muito menos, os respondiam, e operavam dando livramentos a eles. (Jonas 3:4)
 
Enquanto isso, Jonas dormia calmamente no porão. Quantas vezes, nós dormimos o sono entorpecedor da iminente morte. (Jonas 3:5)
 
Mas graças as misericórdias de Deus, Jonas acorda do seu entorpecimento, e é indagado pelos marinheiros aflitos sobre a sua procedência, que ele invocasse o seu Deus, apelasse por eles. E também, eles lançaram sortes e a sorte caiu sobre Jonas. E o mais contraditório ocorre, Jonas revela toda a verdade sobre ele e sobre o seu Grandioso e Único Deus! E até revela que teme a Deus-- mas é uma contradição--ele fala, acredita,  mas não pratica; mesmo assim, tem a audácia de desobedecê -lo e fugir de sua presença. (Jonas 1:5-8)

 
''E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca''.
(Jonas 1:8)
 
 
Os marinheiros, mesmo sendo ímpios, o repreenderam quanto ao desatino praticado contra Deus; e Ele continuou operando sobre a natureza, o mar, cada vez, se elevava; e por mais, que os marinheiros se esforçassem, remassem, jogassem cargas no mar, ele ficava mais furioso. A solução para essa terrível situação foi dada pelo próprio Jonas, que eles o lançassem ao mar; mesmos temerosos, eles atenderam a sua sugestão, e após o ocorrido, o mar se aquietou. (Jonas 10-15)
 
Tento imaginar quais os pensamentos que sobrevieram na mente do profeta Jonas...
 
''Eu mereço a punição de Deus, eu pequei, me rebelei contra os desígnios dEle. Entretanto, creio nas Suas inesgotáveis misericórdias, se Ele quiser me perdoar, me dará o livramento...''
 
E mais uma vez, Deus agiu com Sua Destra Imponente, operando um milagre espetacular; e Jonas foi tragado por um grande peixe, ficando no seu interior, nas suas entranhas, por três dias e três noites. (Jonas 1:17)
 
Como seriam as nossas reações diante dessas situações espetaculares, mas, ao mesmo tempo, tão assustadoras: primeiro descendo nas profundezas do mar, depois descendo velozmente nas estranhas do peixe!? (Jonas  1:5, 17)
 
Entretanto Jonas nos surpreende, ele não murmura, não se desespera, ele ORA, Clama com toda sinceridade da sua alma; pois naquele momento, naquele situação, ele descobriu o quanto era impotente diante do Deus Imponente e Soberano! (Jonas 2:1-9)
 
Deus Benigno e Amoroso ouviu os seus clamores , dando-lhe uma nova chance de recomeçar!
 

''Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este vomitou a Jonas na terra seca''.
 
(Jonas 2:10)
 
 
''E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Jonas, dizendo:
 
Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e prega contra ela a mensagem que eu te digo''.
 
(Jonas 3:1,2)
 
 
Ele obedeceu e foi pregar aos ninivitas, percorre toda a grande cidade Nínive; e leva a Palavra de exortação, de alerta, de juízo de Deus, que sobreviriam sobre eles, se não se arrependessem das iniquidades praticadas.
 
E o rei obedeceu as suas advertências, decretando jejum para todo o povo, até os animais;  todos vestiram-se de panos de saco, clamando sinceramente a Deus, e se arrependendo dos seus delitos, pecados. (Jonas 3:5-9)
 
Deus que sonda corações e mentes atendeu os seus clamores sinceros; se arrependendo do mal que tinha proferido que sobreviriam sobre eles, e a Sua ira  não foi derramada sobre Nínive. (Jonas 3:10)
 
O Livro de Jonas poderia ter sido encerrado no Capítulo três, mas ele continuou escrevendo, não escondendo de nós, da posteridade, o quê se passava no seu íntimo; ele não queria que Deus tivesse misericórdia com Nínive, afinal, o povo era inimigo de Israel, sendo assim, merecia a punição adequada. Ele também não escondeu a sua insatisfação diante de Deus, mesmo sabendo o quanto o SENHOR é, Piedoso, Justo, Misericordioso e Benigno.  (Jonas 4:1-4)
 
Podemos aquilatar a insatisfação tão grande do profeta Jonas, a tal ponto extremo, de querer morrer diante dessa situação, do ressentimento nutrido pelos cruéis ninivitas; ele não aceitava que Deus os poupassem. E quantos de nós somos assim, agimos dessa maneira, nos ressentindo em ter de falar sobre o nosso amado Deus e  do Seu Filho amado para os desiguais, outros, que professam credos diferentes dos nossos. Sem ao menos, perceber que nada é impossível para o SENHOR; que qualquer pessoa, por mais ímpia que seja, pode se arrepender dos seus pecados, por pura graça derramada sobre ela, a presença do Espírito Santo tocando-a, e convencendo-a das  iniquidades tão fartamente praticadas. 
 
Jonas precisava aprender mais uma lição-- ele saiu da cidade, fazendo uma cabana para se acomodar, se assentou na sombra dela, para ver o que poderia ainda acontecer à cidade, que ele não gostava,  e do povo que ele abominava.
 
Deus fez que nascesse uma  aboboreira para que fizesse sombra prazerosa para Jonas; e ele muito se alegrou com isso, e se afeiçoou tão rapidamente aquela planta. Mas o SENHOR enviou um verme (bicho) sobre ela, a e a planta secou; e Jonas se desesperou, proferiu, mais uma vez, um lamento cheio de ira; querendo alívio e morte. Mesmo Deus indagando-o, chamando-o a razão. Ele continuou sendo irracional e teimoso, justificando a sua ira, e o seu desejo de morrer.  Deus, tão paciente,  advertiu-o e ensinou -o na prática uma preciosa lição que ele jamais se esqueceria!
 

''E disse o Senhor: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu;

''E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?'' (jonas 4:10,11)
 
O profeta Jonas não escreve mais sobre ele, mas deduzimos que ele emudeceu definitivamente diante da resposta cheia de sabedoria de Deus-- como uma planta, que nasce, cresce, fenece diante dos nossos olhos, poderia despertar uma extrema compaixão eclodindo dentro de seu íntimo; e milhares de crianças ainda em tenras idades, e muitos animais, não despertariam compaixão do Benigno Deus?

Como somos incoerentes, como somos insanos, como somos irados, como somos incompassivos, e muitas vezes, agimos, do mesmo modo, como o profeta Jonas? Ou até piores, ao ponto de agredir fisicamente os nossos algozes, por não concordarem com as nossas crenças? Como?

 

'''Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,
 
Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade''.
 
(1 Timóteo 2:3,4)
 
 
''O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.''
 
(2 Pedro 3:9)
 
 
A vida de Jonas não é uma ficção; o profeta Jonas é tão real, que através dele, da sua vivência e da sua caminhada de fé registrada fidedignamente; nós nos deparamos com a realidade de nossa íngreme caminhada, sem hipocrisias, nem enfeites.  Atire a primeira pedra, quem nunca foi a desobediente ao desígnio de Deus, e teve de amargar as consequências das nossas rebeldias? Quem nunca ficou irado com as pessoas ou com os acontecimentos que contrariaram os nossos desejos e nossas vontades? Quem nunca discriminou e se ressentiu com uma pessoa com crença diferente da nossa? E até quis que Deus aplicasse o juízo severo sobre ela ? Quem nunca ...(milhares de situações e hipóteses; cabe a cada um de nós, ser bastante sincero consigo mesmo e completar...essas indagações).
 
Muitos podem desprezar a veracidade dos relatos de Jonas; mas o Senhor Jesus Cristo ratificou eles; citando que Ele não daria nenhum sinal para aquela geração má e adúltera, senão o anteriormente dado por Jonas; e que Ele era maior do que o profeta Jonas. E comparou a situação vivida por Jonas nas entranhas do grande peixe  durante três dias e três noites com  a que Ele viveria: crucificação, morte e ressurreição. (Mateus 12:39-40; Lucas 11:29)
 
O pombo voou alto rumo a eternidade; mas deixou uma mensagem muito tocante de vida e de superação para posteridade!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário